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Inteligência artificial na engenharia de produção

Escrito por Magda Moraes | Aug 27, 2025 12:06:25 PM

A inteligência artificial já saiu do laboratório e virou rotina no chão de fábrica, do planejamento à qualidade. Entenda aplicações, ganhos reais, desafios de implementação e por onde começar, com referências da UNIT para você se preparar.

Por que falar disso agora

Relatórios industriais recentes mostram um salto no uso de algoritmos para prever falhas, ajustar parâmetros de processo e dar visibilidade ponta a ponta aos fluxos produtivos. Em setores como alimentos, autopeças e químicos, as iniciativas de IA têm se traduzido em redução de desperdícios e melhor aproveitamento de ativos. 

Nos próximos tópicos, você vai entender como essas mudanças estão redesenhando a profissão e como se preparar para atuar nesse cenário com segurança. Continue a leitura. 

O que é, de fato, IA aplicada à Engenharia de Produção

De forma simples, inteligência artificial é o conjunto de técnicas que permitem a sistemas aprender com dados e tomar decisões probabilísticas. No contexto da Engenharia de Produção, isso significa conectar sensores, máquinas e sistemas de informação para:

  • Analisar padrões de operação e detectar desvios em tempo quase real;
  • Prever eventos (quebras, gargalos, variações de demanda) com base em séries históricas;
  • Recomendar ajustes de processo, escalas e rotas;
  • Automatizar tarefas repetitivas de inspeção, apontamento e controle.

O resultado é um sistema produtivo mais responsivo, enxuto e integrado, que é a base das chamadas fábricas inteligentes.

Onde a IA já atua na rotina industrial

A seguir, um mapa de aplicações práticas que já aparecem com frequência nas plantas brasileiras. Note como cada caso se conecta a objetivos clássicos da Engenharia de Produção: custo, qualidade, prazo e segurança.

Manutenção preditiva

Sensores de vibração, temperatura e corrente, combinados a modelos preditivos, estimam a vida útil remanescente de componentes e avisam antes da falha. Isso reduz paradas não planejadas e melhora o OEE.

Controle de qualidade com visão computacional

Câmeras industriais e redes neurais detectam micro defeitos que passam despercebidos ao olhar humano. A inspeção fica mais consistente, com rastreabilidade por imagem e dashboards de causas.

Otimização de processos (process mining + otimização)

Ao extrair os fluxos reais de produção e logística, a equipe identifica gargalos e simula cenários de alocação de recursos, sequenciamento de ordens e setup. O ganho aparece em lead time e uso de capacidade.

Logística e planejamento

Modelos de previsão de rotas e alocação dinâmica de frota ajustam o despacho conforme clima, trânsito e nível de serviço. No armazém, algoritmos definem endereçamento mais eficiente e sugerem reposições automáticas.

Previsão de demanda e S&OP aumentado por IA

Unindo histórico de vendas, sazonalidade e variáveis externas (campanhas, calendário, clima), a IA melhora a precisão do plano e reduz tanto ruptura, quanto excesso de estoque.

Segurança de trabalho

Detecção de uso de EPI via vídeo, geofences em áreas críticas e análise de quase-acidentes ajudam a prevenir ocorrências e orientar treinamentos mais assertivos.

Sustentabilidade: menos desperdício, mais eficiência

A inteligência artificial também apoia metas ESG:

  • Energia: identificação de padrões de consumo, detecção de vazamentos e recomendação de setpoints eficientes;
  • Matéria-prima: otimização de formulações para reduzir perdas sem afetar qualidade;
  • Pegada de carbono: estimativas em tempo quase real por linha, com reports automáticos para auditorias.

Empresas que combinam IA e sustentabilidade tendem a comunicar resultados com mais transparência e criar vantagem competitiva junto a clientes, varejistas e reguladores.

O que muda para quem é (ou quer ser) engenheiro de produção

A inteligência artificial na Engenharia de Produção não substitui o profissional; ela amplia seu alcance. O papel do engenheiro migra de “apagar incêndios” para atuar de forma preditiva, desenhando sistemas, validando modelos e tomando decisões suportadas por dados.

Competências que ganham relevância:

  • Estatística aplicada e pensamento experimental (testes A/B, delineamento de experimentos);
  • Letramento de dados (entender métricas, vieses e intervalos de confiança);
  • Noções de analytics (SQL básico, métricas de classificação/regressão, leitura de dashboards);
  • Gestão de mudança (comunicar benefícios, reduzir resistências, treinar times).

Se pretende se aprofundar na área, vale conhecer o curso de Engenharia de Produção da UNIT, com formação multidisciplinar e foco em sistemas produtivos integrados.

Desafios reais (e como endereçá-los)

Implementar IA em operações não é “plugar e usar”. Alguns obstáculos frequentes e caminhos práticos:

  • Dados dispersos e de baixa qualidade → Comece com um inventário de dados e padrões de coleta (tagueamento, taxonomias, amostragem). Crie um dicionário de dados vivo.
  • Resistência cultural → Patrocínio da liderança, pilotos rápidos com ganhos visíveis e comunicação clara sobre papéis e impactos.
  • Capacitação → Trilhas de formação em letramento de dados para áreas de Produção, Manutenção e PCP, com capacitadores internos.
  • Compliance e privacidade → Definição de políticas para o uso de vídeo, localização e dados pessoais; avaliação de impacto e governança.
  • ROI e priorização → Matriz esforço x impacto; foque em problemas com dado disponível e dor reconhecida (paradas, sucata, lead time, segurança).

Roteiro prático para um piloto de 90 dias

  1. Escolha do problema: uma dor objetiva (ex.: inspeção de microtrincas) com indicador mensurável.
  2. Descoberta de dados: fontes, volume, qualidade e frequência (sensores, SCADA, ERP, planilhas).
  3. MVP do modelo: baseline simples (regras) + modelo inicial (árvore, regressão, CNN), com documentação.
  4. Validação em ambiente controlado: compara-se com o processo atual por período definido.
  5. Plano de adoção: quem usa, como reage, qual decisão toma e em que tela isso aparece.
  6. Governança: versionamento de modelos, auditoria, métricas de drift e responsável técnico.
  7. Escala: integração com sistemas (MES/ERP), treinamento de times e ciclo de melhoria contínua.

Casos típicos (o que observar nos resultados)

  • Indústria de alimentos: visão computacional reduz retrabalho por erros de embalagem, com queda perceptível de devoluções. O time de qualidade passa a focar em causas-raiz.
  • Autopeças: manutenção preditiva em prensas reduz paradas não planejadas e estoque de segurança. PCP revê o sequenciamento com base na confiabilidade.
  • Químicos: modelos de otimização ajustam dosagens e temperatura, entregando economia de energia sem comprometer especificações.

Os números variam conforme contexto, maturidade de dados e desenho do projeto. O ponto importante é medir antes e depois, com transparência.

Formação e caminhos na UNIT

Para quem busca uma formação alinhada à indústria 4.0, a UNIT oferece cursos que dialogam diretamente com esse ecossistema. Além do curso de Engenharia de Produção, conteúdos sobre Engenharia Mecatrônica e Engenharia Mecânica abordam automação, IoT e controle, base técnica que conversa com IA aplicada.

  • Aprofunde o papel do engenheiro de produção neste guia completo da UNIT.
  • Leia também materiais do blog sobre Engenharia Mecatrônica e sobre as tendências da Indústria 4.0 para ampliar repertório.

 

Perguntas frequentes (FAQ rápido)

IA vai tirar empregos na produção? A tendência é reconfigurar funções: tarefas repetitivas tendem a ser automatizadas, enquanto cresce a demanda por análise, melhoria contínua e integração de sistemas.

Preciso saber programar para trabalhar com IA na Engenharia de Produção? Ter noções de dados ajuda muito. Em muitos times, o engenheiro atua em parceria com profissionais de ciência de dados e TI.

Quais ferramentas aparecem no dia a dia? De plataformas de IoT industrial e process mining a bibliotecas de visão computacional e softwares de otimização. A escolha depende do problema.

Por onde começar a aprender? Trilhas que combinem estatística aplicada, ferramentas de análise e projetos práticos em ambientes industriais.

Conclusão

A inteligência artificial na Engenharia de Produção já é uma realidade e vem ampliando a capacidade de decidir com base em evidências, reduzir desperdícios e proteger pessoas. Ao combinar fundamentos de processos com dados e tecnologia, o engenheiro amplia seu impacto, no chão de fábrica e na estratégia. 

Se fizer sentido para seus objetivos, vale conhecer a formação da UNIT e avaliar, com calma, um piloto de baixo risco para dar o primeiro passo.

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