O júri popular é um dos pilares mais emblemáticos do sistema de justiça no Brasil. Representa a participação direta da sociedade nas decisões judiciais, especialmente nos casos mais graves e sensíveis, como os crimes dolosos contra a vida. Mas apesar de sua relevância, ainda existem muitas dúvidas sobre como ele funciona e qual é sua verdadeira importância dentro do Estado Democrático de Direito.
Neste artigo, vamos explicar de forma clara e completa o que é o tribunal do júri, quais são suas etapas, quem pode ser jurado, e por que essa forma de julgamento reforça valores fundamentais como cidadania, transparência e justiça. Um conteúdo essencial para estudantes, profissionais da área jurídica e todos que desejam entender melhor o papel do povo no poder Judiciário.
O que é o tribunal do júri
O tribunal do júri é uma instituição prevista na Constituição Federal, no artigo 5º, inciso XXXVIII, que assegura aos acusados de crimes dolosos contra a vida o direito de serem julgados por um conselho de sentença composto por cidadãos comuns, e não apenas por juízes togados. Trata-se de um modelo que busca democratizar a justiça penal, permitindo que membros da sociedade participem do processo decisório.
O tribunal do júri julga, por exemplo, crimes como homicídio, infanticídio, aborto e induzimento ao suicídio, desde que sejam dolosos, ou seja, cometidos com intenção ou assumindo o risco de matar. É um julgamento dividido em duas fases: a primeira é a fase de instrução e pronúncia; a segunda, o julgamento em si, realizado por sete jurados.
Quem pode ser jurado e como é feita a escolha
Todo cidadão brasileiro, maior de 18 anos, em pleno gozo dos direitos políticos, pode ser convocado para atuar como jurado. A convocação é feita pelo juiz presidente do tribunal do júri, geralmente por meio de sorteio entre os moradores da comarca. O serviço de jurado é obrigatório, e a ausência injustificada pode gerar multa.
No dia do julgamento, são sorteados 25 jurados dentre os convocados, e destes, sete são escolhidos para compor o conselho de sentença. Esses sete cidadãos são responsáveis por responder aos quesitos apresentados pelo juiz, determinando se o réu deve ser condenado ou absolvido.

Além de representar um dever cívico, participar do júri é também uma experiência única de vivência democrática e contato direto com o sistema judicial. Os jurados recebem uma pequena ajuda de custo, têm o trabalho abonado pelo empregador e são protegidos legalmente contra eventuais retaliações.
Como funciona o julgamento
O julgamento no tribunal do júri é um evento solene, com ritos próprios que o diferenciam das demais audiências criminais. Ele é presidido por um juiz togado, que comanda a sessão, decide questões de direito e formula os quesitos a serem respondidos pelos jurados. Também participam o Ministério Público, a defesa e, eventualmente, assistentes de acusação e testemunhas.
O procedimento segue uma ordem rigorosa:
- Sorteio dos jurados;
- Leitura da denúncia;
- Interrogatório do réu;
- Oitiva das testemunhas;
- Debates entre acusação e defesa;
- Respostas aos quesitos pelos jurados;
- Leitura da sentença pelo juiz.
Os jurados não podem se comunicar entre si ou com terceiros durante o julgamento, nem manifestar sua opinião publicamente. Sua decisão é tomada de forma secreta e individual, garantindo a imparcialidade do veredicto.
Por que o júri popular é tão importante
O júri popular simboliza a soberania do povo na administração da justiça. Ele é um mecanismo essencial de controle social, permitindo que valores coletivos, percepções morais e o senso comum de justiça sejam considerados em julgamentos de grande relevância. A presença dos jurados funciona como contrapeso ao poder do Estado, promovendo maior equilíbrio e legitimidade ao processo penal.
Além disso, o júri promove educação cívica: os cidadãos que participam aprendem na prática sobre direitos fundamentais, funcionamento do Judiciário e importância da imparcialidade. Ele também reforça a transparência do sistema, já que os julgamentos são públicos e amplamente fiscalizados.
Em tempos de desconfiança nas instituições, o júri se destaca como um instrumento de proximidade entre a justiça e a sociedade. Sua manutenção é fundamental para garantir uma justiça mais participativa, humana e representativa.
Críticas e desafios do sistema
Apesar de sua importância, o tribunal do júri não está isento de críticas. Entre as principais estão:
- A possível influência de emoções nos jurados, que podem decidir com base em empatia ou rejeição ao réu, e não nos autos.
- A complexidade de algumas provas técnicas, que nem sempre são bem compreendidas pelos jurados leigos.
- O risco de pressões externas ou exposição midiática indevida que podem comprometer a imparcialidade.
Por isso, muitos estudiosos defendem melhorias no sistema, como a capacitação periódica de jurados, maior rigor nos critérios de seleção, e a adoção de recursos tecnológicos para tornar as provas mais compreensíveis. Mesmo com esses desafios, o júri permanece como um modelo indispensável dentro do Estado Democrático de Direito.
O júri popular no ensino jurídico
O estudo do tribunal do júri é fundamental nos cursos de Direito, pois envolve múltiplas áreas do conhecimento jurídico: Direito Penal, Processo Penal, Ética Profissional, Direitos Fundamentais e até Psicologia Jurídica. Os estudantes que se aprofundam nesse tema desenvolvem senso crítico, habilidade de argumentação e compreensão mais ampla da prática judicial.
Na Universidade Tiradentes (UNIT), o curso de Direito oferece uma formação sólida e atualizada, que valoriza tanto os fundamentos teóricos quanto a prática jurídica. A instituição estimula os alunos a participarem de simulações de júri, núcleos de prática jurídica e eventos temáticos.
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Mais do que um rito processual, o júri popular é uma expressão do princípio democrático no Judiciário. Sua existência fortalece a cidadania, valoriza a opinião da sociedade e aproxima o povo das decisões mais relevantes do sistema penal.
Para quem deseja seguir carreira na área jurídica, compreender o funcionamento e a importância do tribunal do júri é essencial. Com um ensino de qualidade e estrutura moderna, a UNIT forma juristas preparados para lidar com os desafios da prática jurídica e contribuir ativamente para a construção de uma justiça mais acessível, ética e democrática.